Quando pensamos em sexualidade, talvez inconscientemente, associemos a sexualidade ao sexo. Você já parou para pensar que a sexualidade humana engloba mais que isso?
Conceitualmente, sexualidade é um termo amplo, composto por quatro aspectos interrelacionados: o biológico, o psicológico, o social e o espiritual. Isso demonstra que a sexualidade faz parte da estrutura e formação integral do indivíduo e esses aspectos não podem ser considerados isoladamente. A sexualidade é uma força instintiva fundamental que permeia todos os aspectos da vida psíquica, não se limitando somente ao sexo. A sexualidade também diz respeito à descoberta da identidade, do autoconhecimento, da autoestima, do contato físico e da busca da intimidade afetiva com Deus e com o outro. E quando lançamos o olhar bíblico sobre a sexualidade, o que descobrimos?
Cada indivíduo nascido de novo e que se torna comprometido com a missão cristã, necessita de uma cosmovisão fundamentada na perspectiva bíblica. Se nos recusarmos a desenvolver e viver uma cosmovisão bíblica, simplesmente ficaremos vulneráveis à influência das cosmovisões presentes na atualidade.
Lendo a Bíblia veremos que a sexualidade já estava presente nos tempos antigos. Em Gênesis 39 podemos acompanhar a trajetória de José, um homem de Deus que foi assediado pela esposa de Potifar. Essa história mostra o desejo carnal sendo confundido com o amor humano, que é completamente distinto do amor de Deus. A bíblia diz que: Se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros (1 Jo 4.11); e O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (1 Co 13.7).
O amor a Deus e o amor ao outro é o mesmo amor? Para que possamos entender essas diferenças, analisaremos os três tipos de amor: o Ágape, o Eros e o Philia.
O amor Ágape traduz o amor puro de Deus, que não espera nada em troca. É o amor que não tem falhas, perfeito e incondicional. Já o amor Eros é o amor humano, carregado de desejo, que nos faz sentir atraídos pela outra pessoa. E o amor Philia, é o amor da amizade, o amor que se alegra com o amigo(a), assim como ele é. Embora eles sejam diferentes, são complementares. O amor a Deus e a pessoa humana não se opõem, pois amo a Deus na medida em que amo as pessoas, e amo as pessoas na medida em que amo a Deus. O amor cresce nesse movimento cíclico.
Entendida as diferenças nas formas de amar e sobre o que é sexualidade, voltaremos à bíblia para buscar uma mulher com sua sexualidade forjada por Deus e amplamente saudável!
Em Juízes 4:4-10 encontramos Débora, uma mulher que traz muitas inspirações. Sempre estava disponível para Deus, investia esforços naquilo que Ele lhe capacitava, avançando nas estratégias recebidas, respeitando os homens que exerciam liderança. Ela sabia seu lugar e acima de tudo, respeitava o outro sem ultrapassar limites. Débora nos ensina que estar bem com sua sexualidade é também estar bem com quem você é e com o lugar que Deus a coloca. Afinal, Ele quem conhece os planos que tem para todos nós, planos de nos fazer prosperar e não de nos causar danos, planos de nos dar esperança e um futuro (Jr. 29:11).
Essa história nos mostra que Deus pode realizar grandes coisas através de pessoas que estão dispostas a serem dirigidas por Ele. Não importa se você é um homem ou uma mulher, o importante é que você se renda a Ele (Rm. 11.36).
Se olharmos para nós mesmas, será que veremos nossos comportamentos expressarem a verdade de nossos corações alinhados aos propósitos de Deus?
As mulheres cristãs necessitam buscar a verdade das Escrituras Sagradas, para todas as áreas de suas vidas, inclusive para a área da sexualidade. Ter uma sexualidade saudável é viver com a convicção de que, ser mulher é reconhecer a integralidade que nos pertence, glorificando a Deus com nossos corpos, nossas mentes, nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos.
Viver desfrutando do que Deus tem para nós, é viver com a ciência de que Deus tem inclusive um padrão de sexualidade para que, cada uma de nós possa viver para glorificá-lo.
Raika Roberta da S. Rosa Mello
Psicóloga, Coordenadora da Policlínica, Coordenadora da rede de cuidados e Colaboradora no aconselhamento de mulheres.