A segunda marca de uma igreja viva em Atos é o amor e o cuidado mútuo entre os crentes. Se a primeira marca é o estudo, a segunda é a comunhão.
A palavra comunhão que utilizam algumas versões é a tradução de koinonía. Este termo descreve aquilo que temos em comum, o que compartilhamos como crentes em Cristo.
Em primeiro lugar, compartilhamos a graça de Deus. O apóstolo João começa sua primeira carta com estas palavras: “Nossa comunhão é com o Pai e com o Filho, Jesus Cristo…” Paulo fala da comunhão que temos com o Espírito Santo. A comunhão autêntica é uma comunidade trinitária. Nós os crentes participamos em comum no Pai, no Filho e no Espírito Santo.
Há um segundo aspecto da koinonía. Também temos em comum o que damos. Este é o aspecto que Lucas dá ênfase. Em suas cartas, Paulo usa esta mesma palavra, koinonía, para referir-se a uma oferta que estavam dando às igrejas. O adjetivo koinónico significa “generoso” e, nesta passagem, Lucas descreve a generosidade dos cristãos primitivos: “E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister” (Atos 2:44-45).
Quis Jesus que todos seus seguidores vendessem suas possessões e repartissem o que obtivessem delas? Quando passamos para o versículo 46, lemos que os crentes se reuniam “em suas casas”. Quer dizer, continuavam tendo casa e propriedades pessoais.
O primeiro fruto do Espírito Santo é o amor. Em particular, a igreja primitiva cuidava dos pobres, e compartilhava com eles parte de suas possessões. Esta atitude deve caracterizar a igreja em todos os tempos. A comunhão, a disposição de compartilhar, generosa e voluntariamente, é um princípio permanente. A igreja deveria ser a primeira entidade no mundo na qual se abolisse a pobreza.
Uma igreja cheia do Espírito é uma igreja generosa porque nosso Deus é um Deus generoso. Por isso, outra palavra que expressa a atitude de generosidade é a palavra “graça”. Se Ele dá tudo de graça, se nosso Pai é generoso, Seus filhos também devem ser generosos.
Recorte do livro “Sinais de Uma Igreja Viva” de John Stott, Editora ABU