Discipulado na Vida – 21/04/2022
Curso: Restauração
Módulo: Batalha Espiritual – Conhecendo o Inimigo
Estudo 5.5.1: Abrindo uma brecha
Estamos reformando o templo de nossa igreja local. Umas das ações que fizemos foi demolir uma pequena e antiga área construída, mas, para fazermos isso, foi necessário retirar uma parte da cerca elétrica de segurança. A igreja ficaria apenas uma noite sem aquela proteção. A gente achou que não teria problema, já que no dia seguinte iríamos resolver. Mas, você pode imaginar o que aconteceu, né? Ladrões aproveitaram a brecha e entraram na igreja aquela noite.
Esta é uma ilustração de nossa vida espiritual. Se abrirmos brechas, certamente satanás se aproveitará. Será que existem brechas em sua vida? Quais são as brechas possíveis e o que fazer para concertá-las? Este é o tema de hoje do Discipulado na Vida.
Sejam todos bem-vindos, estamos começando um novo módulo da Bíblia de Estudo do Discipulado. Nas próximas semanas teremos vídeos que ajudarão você e seu grupo de discipulado a se aprofundarem no módulo 5.5 – BATALHA ESPIRITUAL – destruindo fortalezas. Este é o primeiro estudo com o tema ‘Abrindo uma brecha’.
Uma brecha se abre quando não resolvemos um pecado, um conflito ou uma ferida emocional rapidamente. Jesus alerta sobre a importância de resolver conflitos com urgência. Está lá em Mateus 5, versículos 23 a 26. Se não concertarmos logo, o conflito pode crescer e tomar proporções bem maiores. O que antes poderia ser resolvido de forma relativamente direta e simples, se torna uma questão complicada e profunda.
Contexto Bíblico
O texto de Ezequiel, no capítulo 22, apresenta a triste realidade entre as autoridades de Israel. Profetas egocêntricos, materialistas e violentos, sacerdotes impuros, que não ensinavam a santidade e usavam Deus para seus próprios benefícios. O texto também mostra príncipes e líderes locais egocêntricos e destrutivos. O povo, como consequência dessa liderança corrompida, reproduzia os mesmos padrões. No versículo 12, Deus anuncia um terrível diagnóstico: “De mim vocês se esqueceram.”
Ninguém começa a fazer o mal, em tamanha proporção, do dia para a noite. É certo que uma brecha pequena foi aberta primeiro lá no início. Como não foi tratada, se tornou cada vez maior e maior. Nos versos 30 e 31 de Ezequiel 22, Deus sentencia: “Procurei entre eles um homem que reconstruísse a muralha e se colocasse na brecha diante de mim, a favor dessa terra, para que eu não a destruísse, mas não encontrei ninguém. Por isso, derramarei sobre eles a minha indignação.”
Deus procurou alguém para reconstruir a muralha e se colocar na brecha, mas ninguém encontrou. Na época as muralhas eram essenciais para a segurança de uma cidade. Era a proteção do povo contra as guerras e ataques inimigos. Se houvesse uma brecha, certamente os inimigos se aproveitariam dela para atacar. O mesmo acontece espiritualmente, o inimigo anda em derredor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar (1Pedro 5.8).
Resolva rapidamente
Normalmente Satanás não tem acesso a nossas vidas a não ser quando abrimos brechas por meio do pecado. Essas brechas não resolvidas se fortalecem cada vez mais. Por isso, precisam ser combatidas e destruídas com armas espirituais e não apenas humanas.
Se a brecha não é tratada rapidamente, consciente ou inconscientemente começamos a nos justificar. Nós argumentamos que não foi exatamente um pecado; encontramos justificativas para tudo.
Inicialmente o Espírito Santo nos incomoda a resolver o assunto como Deus quer. Se não respondemos logo, nosso coração começa a endurecer. Criamos brechas, que em pouco tempo se fortalecem. Começamos a nos justificar. Com esta atitude, entra o autoengano e nos convencemos de que estamos certos, e a outra pessoa ou o grupo está errado. Não percebemos o mal que fizemos. Nos escondemos atrás de nossa explicação.
Tipos de brechas
Satanás pode se aproveitar de brechas conhecidas para todos nós. O orgulho, por exemplo, é a primeira e preferida estratégia de Satanás por nos atingir de forma inconsciente. O próprio Deus se opõe a nós por causa do nosso orgulho, o que nos faz alvos fáceis para Satanás (Tiago 4.1-10).
A ira não tratada também pode se tornar uma brecha em nossas vidas. É aquele desejo ardente de corrigir, atacar ou destruir algo ou alguém que nos incomoda ou nos ameaça. Facilmente se torna pecaminosa quando começamos a defender nosso ego e atacar um indivíduo em vez de atacar seu erro. A Bíblia adverte em Efésios 4, 26 e 27: “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo.”
A ira precisa ser entendida, expressada e resolvida. Se não deixarmos a ira se prolongar para o dia seguinte, evitaremos muitos problemas. Mas se carregarmos raiva por muito tempo, os problemas se aprofundarão e precisarão de uma intervenção mais séria para que haja restauração.
Quando há áreas de ferida ou dor não resolvidas, uma frase, gesto ou conversa pode nos surpreender com uma emoção exagerada, sem nem entendermos por que estamos respondendo dessa forma. Quando nos iramos, precisamos perguntar o que dentro de nós está nos levando a essa reação. Apenas quando entendermos a nós mesmos é que teremos condições para irar sem pecar.
Nesta lista também poderia entrar muitas outras brechas. A falta de perdão, por exemplo, que gera ressentimento e amargura a partir de feridas e conflitos não resolvidos. Pecados sexuais também geram uma relação de problemas e são causados muitas vezes por falta de bom relacionamento conjugal e de uma vida sexual sadia.
Aplicação
Este estudo me levou a pensar em como tenho lidado com as brechas em minha caminhada. Reconheço que preciso ser mais ágil em resolver conflitos e procurar reconciliação. Quando sou contrariado ou me sinto injustiçado, não posso deixar que a ira me leve a pecar, abrindo brechas e bloqueando relacionamentos. Quero continuar sendo transparente em meus grupos de discipulado, expondo brechas e prestando contas sobre o que venho propondo a mudar.
E você? O que você pode fazer para tapar uma brecha e tratar áreas vulneráveis?
Se Deus está tocando em sua vida em alguma área, procure ajuda já! A raiz do problema continuará crescendo e ficando mais difícil de tratar com o passar do tempo, aumentando cada vez mais as consequências destrutivas.
Deus abençoe grandemente sua vida!
Marcelo Ramiro é pastor da Igreja Metodista em Campinas/SP. Faz parte da equipe de comunicação do ministério Igrejas Discipuladoras.