Experimentando Jesus tomar sobre si nossas dores e feridas

por Juliano Petter

A dor é uma experiência humana que nos incomoda e que nos tira da nossa zona de conforto. Muitas vezes tentamos ignorar, conviver, fugir ou sucumbimos à dor. Existe uma Palavra das Escrituras, que nem sempre é bem compreendida, em Isaías 53.4: “Ele tomou sobre si as nossas dores”, que pode nos ajudar muito a como lidar com as nossas dores.

Você já sofreu profundamente, e Deus tirou essa dor? Como ele fez isso?

Perdi meu pai muito cedo. Ele foi acometido de um câncer violento, que em menos de um ano o levou à morte. Eu tinha onze anos quando essa perda aconteceu. No dia do velório eu não consegui chorar. Eu sentia muita dor no meu coração, mas não conseguia externar. Talvez porque eu fosse o filho mais velho e as pessoas com suas palavras e gestos diziam que eu deveria ser forte, pois meu irmão e minha mãe precisariam que eu fosse forte. Nesse tempo minha família não frequentava a Igreja.

Justamente neste momento de profunda dor que Jesus vem me alcançar. Logo após a morte do meu pai, jovens da Igreja vieram nos visitar. Comecei a frequentar e Deus começou o processo de restauração na minha vida. Menos de um ano se passou e meu avô materno, que viera morar conosco no tempo do tratamento do meu pai, também faleceu. Mas neste momento eu pude chorar. Eu podia ouvir agora Jesus me dizendo: “Eu morri para que vocês tenham vida eterna” e “carreguei comigo as tuas dores, tu não precisas ser forte, pois eu me fiz fraco e sei o que é sofrer, deixa eu cuidar de Ti agora”. No ano seguinte, finalmente me entreguei a Jesus, reconhecendo que Ele seria o único Senhor e Salvador da minha vida. Porém, Deus precisava ainda restaurar meus sentimentos, minhas dores, meus medos e angústias que ficaram daquela perda. Assim, um ano depois da minha conversão, Deus tratou de levar essas dores de mim, eu tinha ainda alguns sonhos com meu pai, eu tinha ainda muita dificuldade de falar da minha dor com outros, mas o Senhor tratou comigo através de Sua Palavra e de irmãos preciosos. Ele me fez ver claramente que levara sobre Si as minhas dores.

A dor traz lágrimas. A dor nos torna humanos. A experiência e a possibilidade da dor continuarão existindo até Jesus voltar e restaurar plenamente todas as coisas.

As lágrimas expressam nossa humanidade. Quando as lágrimas saíram dos olhos do Pinóquio, ele soube que não era mais um boneco. Ele era, finalmente, um menino.

A forma como lidamos com a dor faz toda a diferença. Mas a dor pode nos tornar pessoas melhores, assim como pessoas amargas. Como é que José lidou com a dor em sua vida?

José fora profundamente machucado em sua alma. Vendido a mercadores de escravos por seus irmãos, jogado em uma prisão por seu patrão e esquecido por alguém a quem ele tinha ajudado. Do ponto de vista humano, ele estava decaindo, de um revés a outro. A partir do ponto de vista de Deus, ele estava sendo cuidadosamente preparado e restaurado para o chamado e o destino de sua vida.

Todos perderam alguma coisa com a ação dos irmãos com José. Jacó perdeu alegria. José seu status, lar e liberdade. Os irmãos carregaram mentira e culpa por muitos anos.

José escolheu o caminho do perdão. Ao perdoar aqueles que lhe fizeram o mal, ele colocou a dor do passado para trás. José era agora capaz de relembrar das ações perversas contra ele sem o sentimento da necessidade da vingança. Ele foi capaz de relembrar o passado sem sentir sua ferroada áspera.

Em primeiro lugar, Deus tirou José de seu pai e colocou-se no lugar de Pai dele (Gênesis 39.2-4). Deus era agora a sua única e plena segurança. Além disso, José era um homem radicalmente transformado. Por seis vezes ele chorou (42.24; 43.30; 45.2,14-15; 46.29; 50.1,17). Um choro curador, transformador e restaurador de toda a sua história. Ele tirou as máscaras, quebrou barreiras, falou em primeira pessoa “eu sou”, ao invés de acusar “vocês são”; deixa de ser vítima para mostrar a graça e a misericórdia de Deus; discerniu os propósitos de Deus; reconciliou-se com seus irmãos e os abençoou, bem além do que mereciam ou imaginavam.

Em Jesus experimentamos que o que Ele fez vale para a nossa plena restauração. Ele é “homem de dores e que sabe o que é padecer.”; “Tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si” e “pelas suas feridas fomos sarados”.

Do que mais eu gostaria de estar livre?

Tenho ainda um sentimento de que preciso estar sempre certo e fazendo tudo certo. Sinto muita dor quando me sinto acusado de hipocrisia, a medida que as falhas aparecem. O que posso fazer? Preciso permitir que as pessoas vejam minhas fragilidades, tenham liberdade para apontar em amor meus pecados e equívocos; e deixar que elas vejam que estou em processo de transformação e restauração. Além disso, preciso deixar que a Palavra de Deus me confronte, crer e tomar posse dessa verdade na minha vida de que Ele “tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si”.

E quanto a você, do que gostaria de estar livre? O que pensas em fazer para experimentar a restauração que Jesus oferece? Não esqueça, Ele levou sobre si as nossas dores e enfermidades.

Este vídeo é um material de apoio para o estudo ‘Experimentando Jesus tomar sobre si nossas dores e feridas’, Módulo 5.1.4, da Bíblia de Estudo do Discipulado.

Juliano Müller Peter é pastor na Comunidade São João/Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, em Pelotas/RS

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