Passos para encontrar um mentor ou discipulador

por Marcelo Ramiro 

 Você tem um mentor ou discipulador? Qual a importância de termos alguém nos acompanhando de perto e nos ajudando a crescer? Você sabe a diferença entre Discipulado e Mentoria?  

Nós vamos conversar hoje sobre estes conceitos e, principalmente, vamos falar sobre como aplicá-los em nossas vidas. 

Sejam bem-vindos os Discipulado na Vida. Estamos no módulo chamado Como ser um bom discípulo ou mentoreado da Bíblia de Estudo do Discipulado. Este é o estudo número 4 – Passos para encontrar um mentor ou discipulador. 

 Fazer discípulos estava no centro do ministério de JesusMentorear era estratégia-chave para um ministério de impacto global e significado eternoMarcos 3.14 diz: “Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar”.  

Jesus reforçou essa estratégia na Grande Comissão. Ele disseIde, portanto, fazei discípulos em todas as nações… ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”. Esta instrução está em Mateus 28.19 e 20.  

A estratégia ficou muito clara durante o ministério de Jesus. É interessante notar que Ele declarou “está consumado” duas vezes no final de sua vida. A última vez se referia a sua obra consumada na cruz, mas o primeiro “está consumado”que nós vemos na oração sacerdotal em João no capítulo 17, se referia à tarefa de discipular os apóstolos. 

Da mesma forma, o apóstolo Paulo destacou a importância desta estratégia. Ele resume muito bem em 2 Timóteo 2.2: “E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo, transmite a homens fiéis e idôneos para instruir a outros.” 

Paulo estava falando sobre um ministério de máximo impacto por meio da multiplicação espiritual. A chave estava na seleção e no discipulado de ‘homens fiéis’. Isso nos mostra o quanto devemos reservar tempo e energia para mentoria. Ela é a nossa descrição bíblica de trabalho. 

Discipulado x Mentoria 

Antes de prosseguirmos com este assunto, é importante apontarmos a diferença entre Discipulado e Mentoria. São conceitos que se complementam, têm significados similares, mas podemos apontar aplicações distintas.  

Fazer discípulos e discipulado tem uma relação com o processo de conversão e acompanhamento de cristãos na fé. Trata-se de uma ordem de Jesus. Mentoria faz referência ao processo de desenvolvimento de liderança para transmitir habilidades de vida ou habilidades de ministério. 

Mentoria 

Sendo mais específico, o mentor é a pessoa que ajuda outros a alcançar todo o seu potencial. É alguém que acredita em outra pessoa, vê além do que ela mesmo percebe, apoia e nutre, desafia e ajuda-a a alcançar seu potencial dentro dos propósitos de Deus. 

Geralmente envolve ajudar outra pessoa a amadurecer em Cristo e crescer em sua competência ministerial ou profissional. Na mentoria, o foco está nos objetivos do mentoreado. A ideia é ajudá-lo a realizar-se plenamente. O mentoreado define onde ele quer crescer e como ele quer crescer, considerando as ideias do mentor como opções.  

Se o mentoreado está altamente motivado e comprometido, ele cresce bastante. Se não estivernão obterá grandes resultadosEste é um ponto importante. A responsabilidade recai sobre o mentoreado, que deve tomar a iniciativa durante o processo. É ele quem procura auxílio em pessoas mais experientes, pois entendeu que precisa crescer e tem clareza das áreas que mais necessitam de atenção. 

Podemos procurar um mentor na área de finanças, para o casamento ou especificamente para o ministério. O esforço é nosso em procurar e nutrir relacionamentos que nos impulsionam. 

Discipulado 

A relação de discipulado envolve a mentoriacontudo, o discipulador tem um papel mais proativo. Ele foca áreas de crescimento que percebe ser importante, ajudando o discípulo a crescer em áreas que ele não pensaria necessariamente.  

O discipulador tem um papel de maior liderança na vida do discípulo. Busca em oração discernir onde os discípulos precisam crescer. Porém, os discípulos são responsáveis por suas escolhas. A relação é de interdependência e não de dependência. 

 O discipulado também tem um aspecto de compromisso pessoal, lealdade e amor, que vai além da relação de mentoria. Geralmente acontece um a um ou em pequeno grupo. Inclui também tarefas prévias e prestação de contas. Viver o discipulado é uma atitude de obediência a Jesus. 

O termo específico usado não é tão essencial quanto a importância de crescer intencionalmente na semelhança de Cristo, com a ajuda de outra pessoa. Por isso, precisamos compreender a importância de encontrarmos essas referências. Como já dissemos aqui, a iniciativa deve ser nossa. 

Avalie áreas em que você deseja viver mudanças profundas. Ore e faça uma lista de três pessoas que poderiam, de alguma forma, ajudá-lo a crescer nessas áreas. Tome a iniciativa e marque encontros com essas pessoas, pedindo auxílio e iniciando uma relação mais próxima para seu crescimento. 

O mentoreado tem de fazer os ajustes para se adaptar à vida do mentor, precisa tomar a iniciativa para ir atrás do mentor e assegurar que o relacionamento funcione. Faça também uma autoavaliação. Você demonstra as características que motivaria alguém a lhe mentorear? Por que alguém iria querer ajudar você? 

Base Bíblica 

No Evangelho de João, capítulo 1, dos versos 35 a 51, vemos o encontro inicial de Jesus, com cinco dos doze discípulos. Note que quatro foram atrás do Mestre antes de serem chamados por ele.  

As primeiras palavras de Jesus ao receber esses homens foi: o que vocês estão procurando? Trata-se de uma pergunta profunda. Revela se há fome, clareza e disponibilidade no coração de quem deseja ser mentoreado ou discipulado. O mentor ou discipulador é alguém que faz boas perguntas. Questionamentos promovem reflexão e aplicações concretas. 

 E você? O que você está procurando? Você tem clareza do que precisa? Se você não sabe o que quer, será difícil encontrar um mentor ou discipuladorO que importa é se você realmente está convencido de que precisa deste tipo de relacionamento. 

Outra pergunta importante neste processo é: Que preço você está disposto a pagar? Uma vez que você tiver esclarecido o que quer realizar, precisa estabelecer esses objetivos como prioridades. Não há nenhum benefício em definir o que você precisa se não tiver a intenção de fazer aquilo o que é necessário. 

A questão não é apenas o que você quer, mas sim o quanto quer. Os discípulos não só demonstraram interesse em seguir a Jesus, eles deixaram tudo para seguir o Mestre.  

Tantas vezes encontramos desculpas para não nos relacionarmos com pessoas que podem nos fazer crescer. Nós dizemos: ela mora em outra cidade ou não tenho tempo para marcar um encontro etc. Este tipo de atitude demonstra que não estamos dispostos a pagar o preço devido. Não estamos prontos para este processo. 

Por que alguém iria desejar gastar tempo para investir em sua vida se você não tem clareza do que precisa e não está totalmente comprometido? 

Minha percepção é que vivemos um contexto cristão onde esperamos o líder tomar a iniciativa em nos ajudar. É evidente que há uma responsabilidade do discipulador no processo. No entanto, como temos visto até aqui, a iniciativa deve ser do discípulo 

Quando falhamos em compreender este princípio, verificamos uma série de problemas.  Ao fazemos mais pela pessoa do que ela mesma, criamos uma relação de dependência. Isso não é discipulado. 

Você é uma pessoa ávida por aprender? Não há empecilhos para uma pessoa que é curiosa e ensinável. Aqueles que têm algo a lhe ensinar vão achar um caminho para deixar você beber de sua fonte de conhecimento, se convencê-los de que está genuinamente interessado.  

Você irá atrair o interesse de homens e mulheres assim, pois eles instintivamente respondem a alguém que tem um desejo insaciável de aprender. 

O que você está fazendo para administrar essa responsabilidade? Ou está esperando que alguém o procure, diga o que fazer e conduzir sua vida por você? Se é assim, vai ficar extremamente desapontado, porque ninguém vai fazer isso. 

 Aplicações 

A partir deste estudo, quero me comprometer ainda mais com meu mentor ministerial. Desejo tomar a iniciativa para que os encontros aconteçam com regularidade tomando a iniciativa de agendar com ele nosso encontro mensal. Quero me preparar para esses momentos de mentoria a partir das tarefas e prestar contas com transparência e coração ensinável e enviando previamente para ele os assuntos que quero ser mentoreado em nosso encontro. 

Também desejo me preparar bem para os encontros do Grupo de Discipulado que faço parte procurando revisitar o estudo após tê-lo respondido para deixar Deus aprofundar o que Ele está falando. Quero buscar a Deus neste tempo de preparação para discernir áreas onde preciso avançar e identificar passos práticosEm cada encontro, desejo estar disponível par ser ministrado e aplicar de forma prática o que tenho aprendido. 

Desejo me comprometer cada vez mais com os espaços de discipulado que minha denominação tem organizado, junto com corpo pastoral. Quero fazer parte deste processo e incentivar meus colegas neste sentido para termos um crescimento intencional em nossas vidas e, assim, reproduzir o que vivemos em nossas igrejas locais. 

O que Deus falou com você por meio deste vídeo ou do estudo? Como você pode aplicar em sua caminhada ou vida o que aprendeu? 

Separe alguns minutos agora para responder essas questões. 

Deus abençoe ricamente sua vida. 

 

Referências: 

Um Certo Tipo – Discipulado intencional que redefine o sucesso no ministério / Edmund Chan – Curitiba: Editora Betânia, 2021. 

Elementos Essenciais do Discipulado: um guia para edificar sua vida em Cristo / Greg Ogden – São Paulo: Editora Vida, 2010. 

Bíblia de Estudo do Discipulado. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil, 2019. 

Como ferro afia o ferro / Howard e William Hendricks  São Paulo: Shedd Publicações, 2017.  

O líder que brilha: sete relacionamentos que levam à excelência / David Kornfield – São Paulo: Editora Vida, 2007. 

1 Comentário

  • Jhonslei santos de oliveira

    março 4, 2023 - 12:45 pm

    Um guia pra crescimento espiritual

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