A identificação com o sofrimento de Cristo

“Homem de dores e que sabe o que é padecer” 

por Marta Lago 

Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.
Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.
Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Isaías 53:3-5

Dadas as devidas separações de proporções na comparação do sofrimento vicário de Cristo, podemos encontrar ressonância em nossas próprias vidas quando tomamos consciência de que Cristo experimentou dores e sabe o que é padecer.

Nessa vida nascemos chorando, pois esse é um dos sinais de que a criança que nasceu está bem, quando seus pulmões se enchem de ar e ela chora! 

Todos nós estamos debaixo da condição humana do sofrimento, faz parte da existência humana situações que vamos experimentar sofrimento.

Também perpassa, no decorrer de nossas vidas, situações em que nos assemelhamos ao homem de dores de Isaías 53. 

Todas as vezes que, homens e mulheres, nos colocamos nessa posição de sofrimento em favor de alguém, quando suportamos a dor de outra pessoa, as falhas dela, conseguimos ter empatia com o sofrimento alheio; assim fazendo, por amor e compaixão por esta pessoa. Quando ainda suportamos tudo aquilo que ainda não está completo na vida do outro, ainda não resolvido, seja por imaturidade, ou teimosia, falta de caráter ou esta pessoa ainda não experimentou um encontro com Deus de tal forma que “vira a chave” de suas escolhas na vida. 

Dessa forma, nos identificamos com as dores do Homem sofredor. 

Alias, é o que nos fala 1Pe.4:13 quando nos diz que nós completamos o sofrimento de Cristo na medida em que nos identificamos com o sofrimento alheio.

“… pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando.”  1 Pedro 4:13

 É estranho ouvirmos esse tipo de reflexão quando chega para nós tantas mensagens idealizadas de uma vida sem sofrimento, ou até pregadores cristãos que enfatizam um tipo de vida “de vitória em vitória”, sempre triunfante em todos os momentos … Quando a sociedade extremamente hedonista, que é aquela que se alimenta do prazer, e de um do tipo instantâneo, baseado nos impulsos do agora já! Então, é bem estranho quando estamos na contramão dessa ideologia dominante dos nossos dias.

Mas a Palavra nos convida a ocupar um lugar de identificação com Cristo, quando somos suporte e amparo para outras pessoas, conforme nos ensina Gálatas 6:2 “2 Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo.”

As comparações sobre o Servo Sofredor e a gente, tem a sua limitação pois sabemos que somente houve um Justo, aquele que foi capaz de satisfazer completamente a justiça de Deus.

No verso 11 nos diz que “… as iniquidades deles levou sobre si…” Somente Cristo foi capaz de trazer a redenção de nossa natureza pecaminosa, nos trazer de volta para Deus.

Podemos nos identificar na Humanidade de Jesus quando a Palavra me diz que o Verbo se encarnou e veio viver todas as realidades da existência humana. Jesus sabe muito bem o que é viver os matizes dos sentimentos humanos. Nos Evangelhos temos alguns exemplos:

  • Ele ficou agitado em espírito e perturbou-se (Jo.11:33)
  • Ele chorou ao túmulo de Lázaro e sobre a cidade de Jerusalém (João 11:33-36; Lc.19:41)
  • Ele se indignou com os discípulos (Mc.10:14)
  • Ele ficou furioso com o comércio no templo (Jo.2:13-17)
  • Jesus ficou admirado (Mt.8:10)
  • Ele tinha necessidade emocional de estar com seus amigos(os 12)  (Lc.22:15)
  • Ele tinha compaixão pelas viúvas, leprosos e cegos (Mt.20:34;Mc.1:41;Lc.7:13)
  • Ele sentiu a dor da traição por um de seus amigos. (Mt.26:50)
  • Ele suspira diante do sofrimento pois sofre também.(Mc.7:34)

Jesus passou aqui nesta terra, as mesmas contrariedades, as mesmas angústias, as mesmas hesitações, as mesmas desilusões e frustrações em relação a pessoas e situações. Toda a gama de sentimentos humanos houve também em Jesus.

Ele pode se compadecer de nós pois ele sabe o que é padecer.

Quando estamos sofrendo perdas irreparáveis e enfrentando o luto de pessoas próximas, gente da nossa convivência, família e amigos, por causa desse coronavírus ou mesmo, quando nós mesmos, enfrentamos esse vírus e estamos vivendo as sequelas dele. Cada um de nós, nos identificamos com o sofrimento de Cristo.

Mas também podemos ter uma Viva Esperança, onde encontraremos a superação para os dias maus. 

O profeta Habacuque nos encaminha nessa direção quando nos últimos versos do capítulo 3 ele nos diz sobre o “ainda que…” e termina no verso 19 com uma palavra esperançosa que acalenta nossas vidas: – Mesmo assim, a minha Alegria está no Senhor, o Senhor Deus é a minha Fortaleza, eu exulto no Deus da minha Salvação!

Ainda que realidades ruins aconteçam para mim e para você, a nossa Esperança está no nosso Senhor!

Termino com uma oração do teólogo John Piper, do livro “Coronavírus e Cristo” da Editora Fiel.

Disponível grátis neste link:

Pai,

Em nossos melhores momentos, por tua graça, não estamos dormindo no Getsêmani. Estamos acordados e ouvindo a oração do teu Filho. Ele sabe, lá no fundo, que deve sofrer. Mas em sua perfeita humanidade, ele clama: “Se possível, passa de mim este cálice”.

Da mesma forma, sentimos, lá no fundo, que essa pandemia é designada, em tua sabedoria, para propósitos bons e necessários. Nós também devemos sofrer. Teu Filho era inocente. Nós não somos.

No entanto, em nossa humanidade menos do que perfeita, com ele também clamamos: Se possível, passa de nós este cálice. Faze rapidamente, ó Senhor, o trabalho doloroso, justo e misericordioso que resolvestes realizar. Não te demores em julgamento. Não demore a tua compaixão. Lembra-te dos pobres, ó Senhor, de acordo com a tua misericórdia. Não esqueças o grito dos aflitos. Conceda recuperação. Conceda uma cura.

Livra-nos — tuas pobres criaturas indefesas — dessas tristezas, oramos.

Mas não desperdices a nossa miséria e tristeza, ó Senhor. Purifica o teu povo da preocupação impotente com o materialismo estéril e o entretenimento sem Cristo. Torna a isca de Satanás amarga em nossas bocas. Corta de nós as raízes e os restos do orgulho, do ódio e dos caminhos injustos. Concede-nos a capacidade de ficarmos indignados quando menosprezamos a tua glória. Abre os olhos do nosso coração para ver e saborear a beleza de Cristo. Inclina nossos corações à tua palavra, teu Filho e teu caminho. Enche-nos com coragem compassiva. E faze um nome para ti mesmo através do serviço do teu povo.

Estende a tua mão em grande avivamento para o bem deste mundo que perece. Que as terríveis palavras do Apocalipse não sejam proferidas nesta geração: “Porém, não se arrependeram”. Assim como feristes corpos, atinge agora as almas adormecidas. Proíbe que eles permaneçam adormecidos nas trevas do orgulho e da descrença. Em tua grande misericórdia, fala a esses ossos: “Viva!” E alinha os corações e as vidas de milhões com o valor infinito de Jesus.

Em nome de Jesus, amém.

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