Amar uns aos outros, confessar pecados uns aos outros, encorajar uns aos outros, consolar uns aos outros, edificar uns aos outros. São 28 mandamentos que envolvem “uns aos outros” na Bíblia! Eles aparecem mais de 60 vezes no Novo Testamento. São mandamentos que nós só podemos cumprir por meio do relacionamento com outras pessoas. E este é o meio mais eficaz de expressarmos nossa comunhão como igreja, como discípulos de Jesus.
Quando o Mestre instrui sobre mutualidade e diz que o amor deve marcar os nossos relacionamentos, Ele está se referindo a uma característica essencial da Igreja Cristo: a COMUNHÃO. No capítulo 2 do livro de Atos, nos versículos 42 a 47, vemos esta característica de forma muito nítida.
Mas, para nós atualmente, o que significa comunhão? Seria uma conversa entre amigos?
Um café com alguém? Churrasco? Piquenique das famílias da igreja? Uma conversa após o culto? Se reunir para cantar e compartilhar algumas histórias? Nós temos vários conceitos da palavra, mas se olharmos para o original o termo mais usado é a palavra grega koinonia.
Tem a ver com a relação pessoal que os cristãos gozam com Deus e uns com os outros, porque estão unidos com Jesus. O termo grego koinonia envolve as ideias de participação, comunhão, companheirismo e contribuição.
Embora muitos estejam fugindo de relações mais profundas com outras pessoas pois se machucaram ou se decepcionaram, precisamos lembrar que não é possível avançarmos na vida cristã sem vivenciarmos o ‘uns aos outros’. Ouça essas palavras de Jesus no Evangelho de João 13.34 e 35:
“Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros”.
Todos nós, discípulos de Jesus, devemos compreender que não se trata de uma sugestão de Jesus. É um mandamento! Ele afirma: Amem-se uns aos outros!
Quem estabelece essa relação de amor é o Espírito Santo, que habita em todo o cristão unindo a Cristo, mas também unindo todos os que são de Cristo. Mas, sendo um mandamento, por que não damos tanta ênfase como deveríamos em nossa prática cristã? Precisamos fazer este questionamento e analisar o desenvolvimento da mutualidade em nossas comunidades de fé.
Amor e Unidade
Viver os mandamentos de mutualidade se apresenta por meio de um estilo de vida comprometido em expressar amor e unidade com as pessoas. Naturalmente, também trata de atitudes que os cristãos devem evitar para preservar esse ambiente de graça. Trata-se do meio mais prático de expressarmos nossa comunhão como igreja, como discípulos de Jesus. Assim, temos uma expressão viva de João 17.21: “a fim de que todos sejam um…”.
Uma igreja, pequeno grupo ou célula que não está manifestando a comunhão por meio dos mandamentos ‘uns aos outros’, deve fazer uma reflexão. As pessoas estão crescendo em comunhão com Deus? Estão se edificando mutuamente, resultando em crescimento na fé?
Nos cultos públicos da igreja temos menos oportunidades de viver os mandamentos ‘uns aos outros’, mas entre um grupo pequeno há um ambiente perfeito para que eles sejam vivenciados.
Expressão de Amor
Veja o que diz em 1 João 4.7,8:
“Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.”
O que nos leva a amar uns aos outros não é o nome da igreja que frequentamos, nem a quantidade de ensino bíblico que possuímos. Muito menos nossas credenciais religiosas. Só pode amar e viver os mandamentos recíprocos com profundidade, quem nasceu de novo. Podemos ter nascido em uma família cristã ou frequentar uma igreja há muitos anos e, mesmo assim, nunca termos nascido de novo. Aquele que ama é nascido de Deus!
Este amor é expressão de serviço, cuidado, entrega, renúncia. É sobre lavar os pés e interessar-se pelas pessoas. As tristezas e alegrias delas se tornam minhas também. Quem ama, deseja que as pessoas cresçam em seu relacionamento com Jesus.
Meu testemunho
Minha experiência em vivenciar os mandamentos recíprocos tem sido desafiadora. Nasci em uma família cristã e hoje sou pastor de uma comunidade local. Sou rápido e pronto para cuidar de pessoas. Mas, tenho aprendido que esta é apenas uma parte do mandamento. Além de cuidar, eu preciso ser cuidado. Além, de amar, eu preciso ser amado.
Antes de ser discipulador de outros, preciso ser discípulo, que experimenta o discipulado em minha vida por meio do discipulado de Jesus diretamente e por meio do discipulado com meus irmãos, colegas pastores com quem caminho no microgrupo de discipulado. Tenho aprendido a expor meu coração para receber ajuda e isto tem me levado a crescer em diferentes áreas de minha vida.
Por meio de um pequeno grupo de discipulado, tenho tido a experiência de vivenciar com mais profundidade os mandamentos recíprocos. Estou cuidando e me deixando cuidar! E, assim, na medida em que eu cresço, meus irmãos do grupo de discipulado crescem comigo, é mútuo.
Todos nós pastores e líderes, precisamos de um grupo de discipulado onde estamos comprometidos a intencionalmente viver estes mandamentos de reciprocidade, experimentando estes ‘uns aos outros’ em nossas vidas, para podermos levar a igreja a vivenciar também.
Desafio para você
Convido você a verificar o nível de mutualidade em sua igreja ou pequeno grupo. Pense em estratégias para que essa mutualidade possa ser vivida de forma mais intencional. Comece identificando quais dos mandamentos de mutualidade você gostaria de crescer. Em seguida, identifique pelo duas ações práticas e mensuráveis que você quer fazer para crescer na vivência deste mandamento.
Compartilhe conosco seu progresso! Seu testemunho nos edifica e a todos que caminhem conosco. Reserve agora dois minutos para este exercício anotando o que Deus está falando com vocês de maneira especial.
Deus abençoe sua vida ricamente.