Paulo tem diante de si uma multidão, soldados e autoridades romanas. Então, ele procura se identificar com a multidão falando hebraico, chamando-os de pais e irmão e falando que tem ao mesmo zelo para com Deus que eles têm. Com isso, ganhou a atenção deles.
O nosso testemunho fará sentido para outra pessoa se ela já tiver alguma curiosidade sobre aquilo que vamos falar, por isso, precisamos primeiro provocar esta curiosidade na pessoa e então oferecer uma resposta a algo que já está dentro dela como pergunta ou descontentamento. Ao procurar identificar um elemento em comum entre você a outra pessoa é possível estabelecer uma ponte. Este elemento pode ser a mesma “curiosidade” ou processos de vida.
Paulo relata em seu testemunho que suas atitudes são resultado do seu relacionamento com Deus, ao qual ele já era zeloso, mas que agora Deus mesmo é quem o corrigiu.
Antes Paulo servia com zelo a partir de sua interpretação da Lei dos antepassados. Agora Paulo o faz a partir do que o próprio Deus revela a ele. A vida e ministério de Paulo estavam fundamentos no seu relacionamento com Deus. Neste texto de Atos 22, isto fica evidente na maneira de Paulo relatar como ele conversa com Deus:
- At 22.7: Deus faz uma pergunta a Paulo: Por que me persegues?
- At 22.8: Paulo responde: Senhor, quem é você? Ao que Deus responde…
- At 22.10: Paulo pergunta: Senhor que devo fazer? E o Senhor me disse: …
- At 22.18: e vi o Senhor. Ele me disse:
- At 22.19: Eu respondi: Senhor…
- At 22.21: Mas ele me disse: Vá…
Fica claro que Paulo iniciou um relacionamento íntimo com Deus onde Deus faz perguntas, Paulo responde, Paulo faz perguntas e Deus responde.
A base da obediência de Paulo é o que Ele ouve de Deus e o seu relacionamento com Deus possibilita que Ele o ouça.
A maioria das pessoas lê a Palavra sem entender. Ouvir o que o Espírito diz sempre traz mudança e transformação. O verdadeiro discípulo tem ouvidos e olhos espirituais, para ouvir e ver o que o Pai está fazendo (Jo5.19-20). Ele não apenas vai ao culto ou grupo para ouvir Deus, mas também via porque já está ouvindo e quer compartilhar o que está recebendo (1 Co14.26). O Verdadeiro discípulo não lê simplesmente a Bíblia, mas ouve a Deus na Palavra, que é viva e eficaz para transformá-lo e capacitá-lo para toda boa obra (2Tm 3.16-17). E a maior obra é revelar Jesus, mostrar Jesus por meio de nossa vida transformada.
Vemos também esta dinâmica de ouvir a Deus no ministério e vida de Jesus e seus discípulos.
Mateus 28.11-15 vai relatar que as autoridades religiosas, os soldados, o governador todos estão em Jerusalém num movimento para esconder a ressurreição de Jesus.
Em Mt 11.16 diz que os discípulos não ficam nesta confusão, vão em outra direção, vão para a Galileia. No original grego tem aqui uma palavra: Porém, para indicar um contraste com o que vem antes. As autoridades estão num movimento de ficar em Jerusalém, atordoados com as notícias da ressurreição de Jesus. Os discípulos, porém… Eles vão em outra direção… Por quê? Porque ouvem a voz de Jesus.
Primeiro vão para Galileia, depois ficam em Jerusalém, e depois de Pentecostes saem para fazer discípulos.
A autoridade de Jesus está baseada na autoridade que o Pai lhe deu. Jesus ouvia a voz do Pai. Em João 5.19-20 diz que o Filho não pode fazer nada de si mesmo, só pode fazer o que vê o Pai fazer e o Pai ama o Filho e lhe mostra o que está fazendo. Jesus deixa este modelo para os discípulos, modelo de ouvir a voz do Pai, modelo de obediência. Os discípulos têm um modelo a ser seguido, por isso Jesus diz em João 15, que nos chama de amigo porque nos deu a conhecer o que ouvia do Pai.
E em João 15 Jesus nos convida a permanecer nele e suas palavras permanecerem em nós, este é o processo de discipulado. E assim vamos dar frutos que permanecem porque estamos ligados a Videira. Jesus discipulou pelo modelo, Ele diz que assim como Ele permaneceu no amor do Pai, devemos nós permanecer no seu amor. Assim como Ele ouviu ao Pai, nós devemos ouvir.