Salmo 3: Olhos ao alto, você está cercado!
Davi e o a experiência do livramento diante
De grande oposição e perigo.
Estamos diante de um dos Salmos que expressa um acontecimento bem pessoal de Davi. Além deste, ainda são Salmos que descrevem aspectos da vida pessoal de Davi o 7, 18, 34, 51, 52, 54, 56,57, 59, 60, 63, 142.
Aconteceu uma situação extremamente grave no palácio, na família. O filho Absalão voltou de longe, e se rebelou … contra o próprio pai, Davi. Pode uma coisa dessa? Pai tem que fugir para que o filho não o mate. Mas também o pai foge para não guerrear contra o filho. Esta história toda está contada em 2 Sm 15.13-17.22. Confira lá.
Davi descreve que tem crescido o número de adversários e opositores(3.1). Há uma noção de perigo.
O que tem crescido para cima de você? Como tem crescido. Alguns se gabam de seus bens crescendo, de sua barriga crescendo, de sua prole crescendo, seus clientes estão aumentando, etc. Mas Davi expõe ao Senhor o drama de que seus problemas, melhor, seus adversários estão crescendo.
A adversidade é a realidade do discípulo de Jesus, que toma a sua cruz. Assim foi com o ministério de Jesus. Ele enfrentou a hostilidade e a oposição. E assim os seus seguidores, sob a realidade da cruz, vivem nesta tensão. Se vivemos segundo a vontade de Deus, passamos por lutas, tentações e provações, em uma guerra contra poderes em nosso meio e acima de nós.
Os adversários se multiplicam e dizem: “Deus nunca o salvará.”(3.2).
Qual a reação de Davi diante desta crise? Vejamos:
Antes de tudo, ele se firma em quem é Deus para ele nesta crise.
Primeiro, Deus é o seu refúgio, escudo protetor.(3.6a) Esta imagem muitas vezes é evocada em situações de perigo, de risco de vida. O Senhor é aquele para onde se pode fugir e ter segurança.
Segundo, Deus é sua Glória, ou sua honra. (3.6b) Ele encontra em Deus sua dignidade, que é suprema, grandiosa. Ele rejeita a transitoriedade da fama humana. Tem a honra de servir a este Deus glorioso.
Em seguida, após se firmar no que Deus é, Davi afirma o que Deus é capaz de fazer.
a) É o Deus que levanta sua cabeça, ou faz andar de cabeça erguida. (3.3).Esta é uma expressão de encorajamento. Deus é capaz de tirar a pessoa de uma situação de depressão e humilhação para elevá-la a uma condição de poder encarar e superar a angústia que enfrenta. Contraste com o quadro de tristeza descrito em 2 Sm 15.30: “Davi seguia chorando … a cabeça coberta e caminhava descalço.”
b) Ele responde ao seu clamor. Deus não está surdo, nem indiferente. (3. 4). Ele está aberto ao meu e ao seu clamor. Salmo 40 nos ensina: “Busquei o Senhor que me escutou e me livrou de todos os meus temores.”
Ele diz que eleva os seus olhos para o monte, o monte de Deus. Olhos ao alto, porque ele está cercado. Mas está com o Senhor próximo dele.
Em todo lugar Ele ouve. Qual a sua experiência com o ouvir do Senhor?
c) Ele o sustenta. Dá apoio, dá estabilidade diante das confusões do mundo, da oposição. (3.5).
Diante disto ele anda, ele clama e ele dorme, mesmo em meio a todo o barulho. Um belo exemplo está em Atos 12. Lá menciona que o apóstolo Pedro, estando preso sob a iminência de morrer pela espada por causa da tirania do rei Herodes, dorme profundamente. Mas o anjo do Senhor o acorda e o livra da prisão. Aleluia!
Por fim, o que Davi pede a Deus então.
a) Pede para o Senhor se levantar. Este pedido se repete em outros Salmos (Veja por exemplo: 7.6; 9.19; 10.12; 17.13; 132.8) sempre no sentido de socorro e livramento. No v. 1, os adversários se levantam; Deus eleva a cabeça no v. 3, e agora o clamor que Ele, o Senhor, se levante. Só Ele é capaz de se opor a esta situação que toma corpo, que vem como uma onda gigantesca contra sua vida.
b) Clama que o seu Deus o salve. Um belo conjunto nestas duas pequenas sentenças. Que o Senhor se levante, que Deus o salve. A zombaria do v. 1 é: Deus nunca o salvará! Lembra de Jesus na cruz, quando também sofreu zombaria: “Salvou aos outros, pois que o seu Deus venha, ou Ele mesmo desça da cruz e salve-se a si mesmo!” Sl 50.15 nos diz : “Invoque-me no dia da angústia, eu o livrarei, e você me glorificará.”
c) Que Deus destrua os seus inimigos. Não entendemos esta linguagem em nossos dias. Este pedido de que Deus castigue os inimigos. Mas, observe. Tal ação não cabe ao ofendido, ao ameaçado. É entregue a Deus. Bonhoeffer destaca isto em seu livrinho: Orando com os Salmos. Ora-se pela justiça de Deus na ação contra o pecado. A Ele pertence esta área. Sabe sobre quem Ele despejou esta ira? Sobre Cristo na cruz, para que até mesmo o seu inimigo experimentasse a misericórdia. De alguma forma, todos somos inimigos de Deus por causa do pecado que habita em nós. Carecemos deste Cristo, que pagou nossa ofensa na cruz, que disse: “ Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem.”
Por fim, Davi pede a benção não apenas para si mesmo, para para todo o povo de Deus.
Cercado de perigos, ele volta os seus olhos para o alto. Para o socorro e o livramento de Deus.
1. Faça um inventário do que perturba sua vida. Quais são seus adversários. Quais são as coisas que roubam energia e alegria, que tem desestabilizado sua vida no dia a dia. Sim. Faça isso diante do Senhor, em sua oração.
O discípulo de Jesus sabe que é inserido no Reino em um contexto de tensão, de conflito com os poderes do mal. Entende que há uma batalha de dimensões cósmicas(Paulo fala sobre isto em Ef 6, p. ex.). Ao chamar os seus discípulos para si, Jesus já anunciou, pois disse que deveriam estar com Ele, pregar a palavra e confrontar o mal. (Cf. Mc 3.14, 15).
2. Clame ao Senhor, a exemplo do que fez Davi. Ele ouve! Está junto do que lhe busca em oração.
3. Então expresse sua confiança no Senhor, como testemunhou Davi. Confiança que ajuda a dormir, pois sabe que tem quem o protege e sustenta. Este dormir e levantar, além de lembrar JESUS no barco, remete ao Salvador quando foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia.
4. Então, abra o seu coração e faça seus pedidos. A Batalha está na dimensão da presença do Senhor. Não é guerra sua, nem minha. A batalha já foi vencida pelo Senhor Jesus na cruz. Deixe o Espirito Santo conduzir o que seu coração vai pedir ao Senhor. Ele há de intervir em sua condição, na dimensão da batalha para viver os valores do Reino de Deus.
O rei Ezequias se viu afrontado terrivelmente. Um grande exército assírio cercou Jerusalém. O inimigo a porta dizia: “Quem é este Deus para salvar você?” Então o rei se voltou em clamor a Deus, em oração, e o Senhor o ouviu e o livrou!
5. Conclua com gratidão, certeza da benção.
O discípulo de jesus se sabe cercado, dentro de uma intensa batalha, mas os olhos ao alto, para o auxilio do Senhor, lhe trazem segurança e livramento. Deus o abençoe.
Caminhando com a Palavra, caminhando com Jesus!
Oscar Elias Jans