Em defesa do líder e da missão

 

Módulo Moisés e Josué – Estudo 6.1.4

por Daniel S. Abe

(Nm 14.1-10, 30, 38)

Nunca tive a necessidade de defender o meu líder. Que pena!

Na cultura japonesa, é comum que o líder assuma toda a responsabilidade sozinho, enquanto os subordinados aguardam um pedido de apoio para agir, evitando assim constrangê-lo ao parecer que precisa de ajuda.

Cresci aprendendo que cada indivíduo deve resolver seus próprios problemas e que nem sempre é benéfico pedir ajuda ou auxiliar os outros. Muitas vezes, na cultura japonesa, acredita-se que ajudar alguém que não requer apoio pode prejudicar o desenvolvimento de seu caráter e força pessoal. No entanto, no Brasil, nossa cultura tende a socorrer os mais fracos, demonstrando solidariedade e, em algumas situações, agindo de forma paternalista com aqueles que enfrentam dificuldades. Aqui, não tomar a iniciativa de defender o líder pode ser interpretado como falta de lealdade.

Quero enfatizar que nenhuma cultura é perfeita em orientar nossas ações, pois elas são limitadas pela perspectiva visível (1 Samuel 16:7), enquanto Deus compreende as intenções e propósitos do coração. Devemos permanecer vigilantes e fixar nosso olhar na orientação divina, mantendo nossos olhos no Autor e Consumador da nossa fé.

No texto de Números 14:1-10, 30, 38, percebemos que a opinião predominante era buscar o caminho mais fácil e imediato. A decepção diante das dificuldades reais e a análise restrita às perspectivas humanas levaram a maioria a se revoltar contra Moisés e Arão. Cada tribo tinha seus próprios líderes, que também se rebelaram. De fato, a revolta começou e se fortaleceu por meio dos espiões enviados.

Estamos agora às portas da Terra Prometida, após atravessar o Mar Vermelho e o deserto, testemunhando diversos milagres ao longo do caminho. Moisés enviou espiões para explorar a terra que Deus os estava guiando para possuir.

No entanto, encontraram uma decepção: gigantes e cidades fortificadas. Rapidamente, o foco deixou de ser a vontade de Deus e a promessa de uma terra farta para se concentrar nas dificuldades de conquistar um território já habitado por nações poderosas. É natural fixar a atenção apenas no que é visível e mensurável, perdendo de vista a dimensão da fé. Os israelitas reagiram de maneira previsível, desacreditando o caminho do impossível com base apenas naquilo que viam. As consequências foram devastadoras, com toda uma geração perecendo no deserto, sem entrar na Terra Prometida.

Diante dos gigantes e das cidades fortificadas, a mensagem profética de Moisés rapidamente perdeu credibilidade no coração do povo. Mesmo após testemunharem eventos sobrenaturais e a presença divina visível em forma de coluna de fogo e nuvem, e apesar do fornecimento diário de alimento, eles não conseguiram acreditar que Deus os capacitaría a conquistar a terra.

Vale a pena destacar as exceções: Josué e Calebe. Eles rasgaram suas roupas em sinal de profunda tristeza, pois viam a grandeza de Deus diante dos problemas. Para eles, a reação do povo era absurda, considerando a maneira como estavam desconsiderando as evidências e manifestações divinas ao longo da jornada. Publicamente e de forma dramática, Josué e Calebe chamaram a atenção do povo, tentando restaurar a confiança em Deus. Eles acreditavam que Deus cumpriria Sua promessa de conceder-lhes a terra. Eles não apenas defendiam seus líderes, mas também a promessa divina e a capacidade de Deus de cumprir Sua palavra.

É desafiador enxergar as realidades espirituais em meio a provações, assim como é difícil romper com padrões culturais ou com a opinião da maioria para seguir o caminho da fé e liderança espiritual. Não foi irracional confiar em Moisés e em Deus, como a história nos mostra. Josué e Calebe foram os únicos a herdar a Terra Prometida, enquanto os outros pereceram no deserto.

Normalmente, os líderes possuem uma visão divina, e é crucial que os liderados tenham o mesmo discernimento espiritual para agir. Não bastava que Moisés acreditasse na posse da terra; os discípulos precisavam compartilhar da mesma fé e certeza, aquela que nos leva a sair para territórios desconhecidos e a enfrentar desafios para alcançar as promessas.

Tenho grande estima por meus líderes, homens e mulheres de Deus. É gratificante quando um líder recebe uma visão do Alto e seus seguidores também a recebem do Senhor, avançando juntos em direção às promessas.

Daniel S. Abe é filho de Carmen e Kazuo Abe, irmão de Marcos e Davi, casado com Patrícia e pai de Ana, Pedro e Davi. Ele foi chamado por Deus para pastorear vidas e atualmente atua como bispo na Igreja Metodista Livre – Concílio Nikkei. Presta contas ao seu microgrupo de discipulado, à bispa Linda Adams dos Estados Unidos, mensalmente ao conselho do Concílio Nikkei e anualmente à assembleia do mesmo.

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