O desvio moral na liderança é devastadoramente doloroso, tanto a dor dos líderes caídos quanto a dor dos danos colaterais infligidos por seu desvio.
Por muito tempo, pensei que a situação moral de nossa cultura cristã se dava pelo fato de termos perdido nossa bússola moral. A verdade é que temos uma perda mais sombria. Perdemos nossa visão moral.
Tanto a bússola moral quanto a visão moral são importantes. Mas, assim como nossa missão deve ser ligada ao nosso mandato, a nossa bússola moral deve ser calibrada pela nossa visão moral. Pois, a bússola moral é disfuncional quando a visão moral é obscura.
Qual é então a diferença entre bússola moral e visão moral? Há pelo menos cinco distinções.
- Bússola moral define o QUÊ.
A Visão Moral determina o PORQUÊ.
- Bússola Moral apresenta a DIREÇÃO.
A Visão Moral foca no DESTINO.
- A Bússola Moral é regulada por PRECEITOS.
A Visão Moral está enraizada em PRINCÍPIOS.
- A Bússola Moral traça o DEVER DA ALMA.
A Visão Moral captura o DELEITE da ALMA.
- Bússola moral INSTRUI.
A visão moral INSPIRA.
O colunista do New York Times Ross Douthat observa que muitas elites culturais estão “comprometidas com uma visão moral que considera a escolha emancipada e autodirigida como essencial para a liberdade humana e a boa vida”. Isso é verdade, mas insuficiente. É muito antropocêntrico simplesmente lançar uma visão moral na tela conveniente da liberdade de escolha. Isso é um direcionamento errado. E, infelizmente, a sutil perda de visão moral não é porque foi mal colocada, mas porque foi mal direcionada!
Preste atenção nisto: A questão moral central de nossos dias não é principalmente a perda da liberdade de escolher, mas sim a perda da sabedoria para escolher bem. Em outras palavras, a liberdade de escolha não está em questão, a sabedoria para fazer escolha está. Pois de que nos adiantaria garantir a liberdade de escolher, se perdermos a sabedoria de escolher sabiamente?
E na natureza caída da humanidade (Gn 3), perdemos a faculdade da sabedoria, resultando no que Martinho Lutero chamou de “a escravidão da vontade”. A questão é que a humanidade não irá recuperar a verdadeira liberdade sem antes recuperar a verdadeira sabedoria. E a verdadeira sabedoria é centrada em princípios. Não apenas as pontificações periféricas das máximas morais, mas a antiga sabedoria dos primeiros princípios bíblicos abrangentes.
Nosso dilema moral deriva de nossa propensão a sacrificar nossos princípios morais no altar da conveniência e do conforto, em nome da liberdade! Como Dwight D. Eisenhower advertiu apropriadamente: “Um povo que valoriza seus privilégios acima de seus princípios logo perde ambos”. É por isso que as Escrituras exortam: “Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento;” (2 Pedro 1.5 NVI).
Em uma cultura da igreja moderna que vê o discipulado como transferência de conhecimento e celebra o conhecimento acima da excelência moral, o talento acima da maturidade, a “boa aparência” acima do “ser integro” é hora de voltarmos ao básico e nos engajarmos em uma guerra espiritual pela excelência moral que leva à verdadeira maturidade e piedade!
É decididamente difícil, mas definitivamente necessário. Caso contrário, veremos muito mais desvios de liderança.
Tenha uma peregrinação segura pela frente!
Edmundo Chan
Mentoria de Líderes. Multiplicando Discípulos. Fundador da Aliança Global de Igrejas que Intencionalmente Fazem Discípulos