Discipulado na Vida – 18/11/2021
Curso: Restauração
Modulo: Batalha Espiritual – Conhecendo o Inimigo
Estudo 5.4.5 : Quarta estratégia de Satanás: falta de perdão
Uma das maiores limitações naturais de nossa humanidade é o Perdão. E por isso, também, a ausência do perdão ou esta nossa incapacidade em perdoar, torna-se uma das maiores estratégias de Satanás contra nossas próprias vidas e contra a vida das pessoas que nos rodeiam.
Esta nossa incapacidade humana de perdoar tem consequências muito sérias. Lidar com situações e pessoas difíceis é a nossa experiência prática da vida. E nestas batalhas relacionais surgem as feridas emocionais. Dentro de nós, as feridas da vida endurecem o nosso coração: e Salomão dirá em Provérbios 28.14 que “… um homem de coração endurecido virá a cair no mal”. E isto acontece porque o diabo ganha um certo espaço dentro de um coração incapaz de perdoar, é uma brecha, a princípio uma pequena ferida, logo depois uma forte resistência e, então, uma terrível fortaleza. Assim, pensando nas terríveis consequências que a ausência do perdão pode produzir em nós e nas pessoas que nós amamos e naqueles que nos rodeiam, o melhor conselho espiritual e preveniente vem do Apóstolo Paulo escrevendo aos Efésios 4.27: ele diz: “Não deis lugar ao diabo”.
A ausência do perdão é um veneno dentro de nós, seres humanos: É algo que pode destruir nossa paz interior, pode nos privar da liberdade e da alegria de viver. E quando alguém se permite viver assim, os próximos passos de sua vida, de suas escolhas e decisões podem levá-lo à deterioração de sua integridade e a uma consequente hipocrisia de vida. Então, surge aquilo que chamamos de raízes de amargura, um elemento emocional e espiritual perigoso, que contagia todo nosso estilo de vida, atingindo nossas realidades interiores e nossos relacionamentos pessoais. Por isso, Paulo irá orientar aos Hebreus 12.15, dizendo: “Tomem o cuidado de não excluir da graça de Deus. Que nenhuma raiz de amargura brote dentro de vós e cause perturbação, contaminando a muitos”.
Na prática, esta estratégia maligna pode usar contra nós as realidades de nossa própria vida: Em Gênesis 27, conhecemos a história de dois Irmãos, Esaú e Jacó. Estes dois se tornam inimigos um do outro, enquanto um persegue o outro, porque este o aborreceu e traiu várias vezes. São situações possíveis em qualquer lar, família ou ambiente de relacionamentos humanos: são emoções negativas que podem surgir de uma ausência parental, de uma discussão entre amigos, entre colegas de trabalho, ou entre Irmãos. Estes elementos podem produzir desde um simples distanciamento a uma intrigante rixa e ódio entre as partes envolvidas.
Uma forte dificuldade que temos em exercitar o perdão é a nossa razão: A experiência revela que, entre as partes todos sempre pensam que têm razão. Na história de Esaú e Jacó, certamente Esaú era um indivíduo simplista e leviano, enquanto Jacó era um oportunista desleal. Ali, um elemento notório da história é que Esaú percebe o erro de seu irmão, porém, não percebe o seu próprio erro. Então, quando nos encontramos em situação parecida, o que nos parece justo é que o outro nos peça perdão, e com o coração endurecido, não percebemos o quanto nós contribuímos para esta dissolvição no relacionamento fraterno, familiar, amigável ou profissional.
Então, é preciso aprender que nas relações humanas sempre haveremos de considerar três realidades: a minha realidade, a realidade do outro e a realidade de Deus! Todo conflito pode alcançar solução breve, a partir do momento em que considerarmos como o outro está experimentando e sofrendo a crise e, principalmente, quando observarmos como Deus está assistindo e observando nossas relações. De fato, precisamos eliminar de nossas vidas a justiça própria, os valores individualistas, a mania humana da trapaça, a tendência natural de justificar o erro e o infeliz hábito de não sermos recíprocos e mútuos quanto ao bem.
A lei de ouro das Sagradas Escrituras, no que tange aos relacionamentos, está em Mateus 7.12: Jesus nos dirá: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam”.
O Apóstolo Paulo, em II Coríntios 2.10-11, irá nos ensinar uma preciosa lição acerca do perdão: “Quando vocês perdoam alguém, eu também perdoo. Porque, quando eu perdoo, se é que, de fato, tenho alguma coisa a perdoar, faço isso por causa de vocês, na presença de Cristo, a fim de que Satanás não se aproveite de nós; pois conhecemos bem os planos dele”.
Paulo está nos ensinando a viver o perdão como pessoa e a viver o perdão como Igreja de Cristo. Certamente há no mundo muitas coisas que nos ofendem, contudo, todas se encerram em Cristo. Pois o nosso “velho homem” se encerrou em Cristo. E as coisas da velha criatura se encerraram em Cristo. Assim, pois, todo o orgulho e vaidade humanos, toda prepotência e indiferença, maior ou menor que qualquer imoralidade ou amoralidade, se encerram em Cristo. E “o que está unido com Cristo” – dirá o Apóstolo – “é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo” – II Coríntios 5.17.
Nossa razão, agora, é Cristo Jesus!
Outra grande dificuldade que temos em exercitar o perdão é a nossa dor: A dor nos amarra. Não conseguimos perdoar a quem nos ofendeu, devido à dor que carregamos. Precisamos descobrir como liberar essa dor. Um dos episódios bíblicos que traduzem com grande clareza este processo de libertação, cura e perdão interior está em Gênesis 45: ali se descreve o encontro de José, filho de Israel, com seus irmãos, que por quase vinte anos o haviam maltratado, humilhado, envergonhado, afrontado, ferido, vendido e dado como morto ao seu pai. Agora, na histórica cena deste reencontro entre os irmãos, quando José do Egito os reúne em torno de si, quase duas décadas depois, ele abriu mão de sua dor, e pela primeira vez conseguiu ver os propósitos de Deus em meio à sua dor e sofrimento, e pôde se reconciliar com seus irmãos. A expressão de sua cura total está no versículo 2: “… e levantou sua voz com grande choro…”.
Enquanto não liberarmos esta dor instalada dentro de nós, Satanás ganha vantagens sobre nossas vidas: as consequências vão desde a distância, o isolamento, a fragmentação e sensação de culpa, até às mais cruéis sensações negativas e sentimentos perniciosos de vingança, rancor e ódio. A ausência do perdão fortalece as cadeias que nos prendem dentro de nós mesmos e nos amarram às teias de Satanás. Esta terrível estratégia maligna não se importa em destruir o outro, apenas que consiga anular e destruir a nós mesmos em um caos interior.
Então, surge a pergunta: como e quantas vezes devemos perdoar? Pedro, um dos primeiros discípulos, certamente cheio de conflitos, aborrecimentos da vida e suas justificáveis razões internas, irá fazer esta pergunta ao Mestre Jesus: “Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?” Ao que Jesus lhe disse: “Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete” – Mateus 18.21-22. E, então, Jesus lhes conta uma parábola: Jesus fala de um homem trabalhador que devia uma imensa fortuna ao seu patrão, porém, suplicando, obteve o imerecido perdão de sua dívida. Na mesma história, o perdoado encontra outro companheiro de trabalho que lhe devia uma milésima parte da dívida que lhe fora perdoada por seu patrão, porém, inflexível e impiedoso, ao contrário de seu senhor, exige o resgate total da miserável dívida, ordenando a prisão de seu companheiro de trabalho. Ao final da parábola, o tal homem que não conseguia perdoar apesar de haver sido perdoado mil vezes mais, também é entregue aos torturadores.
Essa ilustração representa as realidades emocional e espiritual de nossas vidas. Jesus deixará isso muito claro na oração que Ele nos ensinou: “Pai nosso, que estás no céu, que todos reconheçam que o teu nome é santo. Venha o teu Reino. Que a tua vontade seja feita aqui na terra como é feita no céu! Dá-nos hoje o alimento que precisamos. Perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos as pessoas que nos ofenderam. E não deixes que sejamos tentados, mas livra-nos do mal. Pois teu é o Reino, o poder e a glória, para sempre. Amém!” – Mateus 6.9-13.
Ao concluir a oração, Jesus esclarece: “—Porque, se vocês perdoarem as pessoas que ofenderem vocês, o Pai de vocês, que está no céu, também perdoará vocês. Mas, se não perdoarem essas pessoas, o Pai de vocês também não perdoará as ofensas de vocês” – Mateus 6.14-15.
Jorge Luiz Perim é ministro do Evangelho e Coordenador Regional de Pastoreio de Clérigos e Cônjuges da Igreja Metodista Wesleyana – II Região.