Estudo 6 – Módulo Dedicados à Comunhão
Bíblia de Estudo do Discipulado
por Marcelo Ramiro
Você tem facilidade de falar sobre seus problemas e necessidades? Consegue abrir o seu coração para pessoas que confia? Qual é a importância de compartilharmos nossas vidas uns aos outros? A caminhada cristã nos desafia a viver em total transparência. Quando construímos espaços para compartilharmos alegrias e necessidades, abrimos portas para relacionamentos profundos e saudáveis.
Todos nós lutamos para esconder nossas imperfeições e fraquezas. Queremos parecer perfeitos em casa, no trabalho e em todo lugar. Temos que dar conta de tudo! Nós pensamos: se eu confessar isso, o que vão pensar de mim? Este tipo de pensamento só nos distancia da vontade de Deus.
Permitimos que o Espírito Santo trabalhe em nosso interior na medida em que nos abrimos com pessoas que caminham conosco e, como nós, também estão dispostas a crescer. Quando compartilhamos nossas necessidades, damos a oportunidade delas se aproximarem e nos ajudarem. Assim, serão abençoadas e glorificarão a Deus. Ao mesmo tempo, quando escondemos nossas demandas, caminhamos rumo ao isolamento. Não é isso o que Deus deseja para nós. Um grupo de discipulado nos proporciona este ambiente de graça que permite a transparência.
É uma via de mão dupla! Recebemos a oportunidade de termos nossas necessidades supridas quando necessário, mas também podemos ser instrumentos de Deus para responder às necessidades das pessoas ao nosso redor.
O Exemplo de Epafrodito
A Bíblia nos conta a história de um homem chamado Epafrodito, um verdadeiro discípulo de Jesus. Ele tinha muitas qualidades, dentre elas ser alguém que Paulo abraçava como irmão. Não era apenas um irmão em Cristo, mas também alguém que se tornou companheiro de jugo, parte do círculo íntimo do apóstolo Paulo. Era alguém em quem se podia confiar nos momentos mais difíceis.
Epafrodito conseguiu representar todo o amor e a preocupação da igreja de Filipos para com Paulo. Ele viajou mais de mil e trezentos quilômetros em um ou dois meses. Não era uma viagem fácil nem rápida. Persistiu, superou os obstáculos e chegou pronto para ministrar a Paulo. Colocando-se na brecha, Epafrodito quase morreu.
Nós precisamos de parceiros assim: pessoas que, além de fiéis ao Senhor, demonstrem ser plenamente comprometidas conosco. Se precisarmos, elas se expõem a riscos só para estar conosco e nos socorrer nas necessidades, especialmente as do coração.
Epafrodito nos mostra a diferença entre conhecer as necessidades e realmente responder às necessidades de alguém. Tantas vezes, como igreja, conhecemos a necessidade de uma pessoa e dizemos: vamos orar por você. Evidentemente, orar é uma atitude muito importante, mas, em muitos casos, poderíamos fazer bem mais. A igreja de Filipos, não enviou uma carta de encorajamento para o apóstolo Paulo. Enviou Epafrodito, como um sinal prático de amor.
As necessidades de Paulo foram supridas pois se manteve aberto em relatar a situação em que estava vivendo. Este é um comportamento de um discípulo de Jesus! Somos corpo de Cristo e Deus utiliza os membros para suprir as necessidades uns dos outros.
Cuidado Mútuo
Sempre temos ressaltado aqui a importância de estarmos inseridos em um pequeno grupo de discipulado para vivenciarmos com mais profundidade a comunhão e termos oportunidades de compartilhar nossas necessidades. São ambientes de amor e aceitação que encorajam a transparência. Geram uma atmosfera favorável para as pessoas serem genuínas e autênticas, compartilhando suas alegrias como também suas dificuldades, promovendo, assim, crescimento intencional.
Nosso desafio, portanto, não é só conhecer as necessidades uns dos outros, mas principalmente responder a elas. Um ótimo exemplo desde nível profundo de comunhão está na igreja do primeiro século. Em Atos 4.34, nós lemos: “Não havia pessoas necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda.”
A venda das casas em Atos foi uma forma de responder a um princípio eterno: que devemos responder às necessidades uns dos outros e cuidar uns dos outros. Precisamos nos comprometer de coração com esse princípio, descobrindo as formas mais adequadas para aplicá-lo em nosso contexto hoje.
Outro princípio relevante é que nossas casas (carros, livros, televisões ou qualquer posse) não nos pertencem. Somos mordomos, não donos (ainda que a lei humana indique que somos donos). Como mordomos, devemos usar nossas casas, apartamentos e bens para expressar e estender o reino de Deus. Não devem ser só para nós. Lembre-se, nossas necessidades são a porta ao relacionamento.
Deus é glorificado
Em Filipenses no capítulo 4, nós vemos o Apóstolo Paulo agradecendo a generosidade da igreja. Relata que quando esteve em Tessalônica recebeu ajuda, não apenas uma vez, mas duas, quanto estava em necessidade. Ele diz: “Estou amplamente suprido, agora que recebi de Epafrodito os donativos que vocês enviaram. Elas são uma oferta de aroma suave, um sacrifício aceitável e agradável a Deus.”
A oferta recebida foi um sacrifício aceitável e agradável a Deus. Muitas vezes, responder às necessidades das pessoas ao nosso redor é estar disposto a colocar a mão no bolso e até mesmo se sacrificar, assim como Epafrodito fez, arriscando sua vida, para se encontrar com o apóstolo Paulo. Acima de tudo, estar pronto atender às necessidades ao nosso redor é uma resposta à incrível generosidade de Deus para com as nossas vidas.
Deus nos dá recursos para suprir nossas necessidades, mas também para que possamos ajudar e cuidar uns dos outros. Em Tiago 5.16 lemos: “Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados.” Deveríamos praticar este versículo como um hábito. A confissão nos auxilia no processo de cura interior. Mas, deveríamos ampliar este princípio para confessar: problemas, erros, dificuldades e tentações. É um chamado à transparência!
Essa é uma das promessas mais poderosas da Bíblia, mas também uma das mais ignoradas. Que possamos estar prontos para responder às necessidades uns dos outros. Recebendo quando preciso e doando prontamente.
Filipenses 4.19 afirma: “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus.” Deus suprirá nossas necessidades! Que verdade maravilhosa. E ele usará pessoas como instrumentos para isso. Seja você também um canal nas mãos do Senhor, respondendo as necessidades das pessoas ao seu redor.