A Felicidade está no perdão dos pecados

Implicações e bênçãos do discipulado

Convido você a atentar comigo, com atenção e devoção, para a mensagem do Salmo 32. Deus tem palavra para você, como para mim.

Este Salmo, atribuído a Davi, está entre os que são chamados de “Salmos de penitência, num total de sete (6, 32, 38, 51, 102, 130, 143). Relativamente, são poucos os Salmos que tratam diretamente da questão do pecado e de seu perdão. Eles nos “ajudam a confessar nossos pecados e dirigem toda a nossa confiança ao perdão gracioso de Deus. Lutero os chamou de Salmos Paulinos.”. Ele continuou: “Pois todos estes nos ensinam que o perdão dos pecados nos é concedido sem a lei e sem as obras, à pessoa que crê. É por isto que os chamo de salmos paulinos.

Nestes dois primeiros versículos há três designações diferentes para o pecado e três ações que os corrigem ou sanam. Por isso, a aplicação, a repetição da expressão bem aventurado! A maior felicidade, segundo o salmista, é ter resolvida, em sua vida, a questão da culpa e do pecado.

E o anseio é tanto, que ao falar disso, ele alista iniquidade, pecado e transgressão. Faz uma contagem completa, mostrando que Deus restaura completamente! Nada fica para trás, sem ser resolvido! Que estado de graça, uma dádiva sem igual!

Na sequência do texto, o autor volta para o passado, como que para dizer: mas preciso dizer quão terrível era a minha condição! Os v. 3-4 descrevem o peso que foi o estado anterior da pessoa. Enquanto silenciava quanto ao seu pecado (que não é identificado), sentia-se esmagada, física e psicologicamente. Na verdade, quantas pessoas estão sofrendo assim, também em nossos dias, esmagadas pela culpa, por pecados não confessados ou resolvidos?

Por isso, acompanhemos adiante, nos próximos versículos, o caminho da restauração. O relato também nos ajuda a vermos aspectos importantes da relação do discípulo com seu mestre. Observe só:

1) A transparência: v. 5. O salmista testemunha que, em seu desespero, resolveu abrir o seu coração diante de Deus. Volta a mencionar, em termos de nomenclatura, os três tipos de erro, de pecado. Diz que reconheceu, não escondeu e confessou o seus pecados. E ele testemunha:

E tu perdoaste (literalmente: fazer um levantamento de tudo e assumir) a perversidade do meu pecado.

O Senhor levantou tudo e levou para longe, levou embora. O verbo no tempo perfeito indica isto. Está completamente resolvido. Uma sensação parecida é quando alguém tem uma grande dívida, sofre com aquilo, e, quando vai pagar, Descobre que já foi quitada por outra pessoa.

Confissão que conduz à restauração. Então, conduz à bem aventurança. Expressa no começo, reafirmada no final. Quer motivo de alegria? experimente o perdão a cada dia! Você tem vivido esta relação de abertura, de confiança com o Senhor? Tem alguém com quem tem liberdade de abrir situações de sua vida que precisam de ajuste, de perdão. Deus o ajude nisto.

2) A busca pela comunhão e socorro do Senhor

Nos versículos 6 e 7 há um dirigir-se a Deus. Buscar ao Senhor. A raiz hebraica que é traduzida como “encontrar” descreve o resultado a que se chega após um período de procura, como bem exemplifica Is 55.6: “busquem o Senhor enquanto é possível achá-lo, clamem por Ele enquanto está perto”. Tal foi, por exemplo, a atitude de Bartimeu que, entendendo que Jesus passava por perto, clamou, insistiu, até ser ouvido e atendido.

Com certeza, mesmo as grandes águas não chegarão perto dele(do que invoca). As águas representam perigo que causa angústia, mas eis que o Senhor está ai para socorrer (Is 43.2).

O piedoso não está isento das situações de dor e sofrimento, mas pode invocar ao Senhor gracioso para preservá-lo pois Ele é fiel. Dai o testemunho do v. 7(uma certeza quanto ao futuro)

Tu és meu lugar de refúgio

Tu me preservarás das angústias

E me cercarás com sons de livramento!

3) No caminho do aprendizado (v. 8). Aqui é o próprio Deus quem fala. Fala do caminho. Que caminho? O caminho que o Senhor propõe! Não há como fugir dele. O caminho com o Senhor terá sempre esta dimensão de que não é o que eu quero, mas o que o Senhor quer, não é o que eu sei, mas o que o Senhor sabe, não o que eu enxergo, mas o que o Senhor já vê lá adiante. Como Abraão, que obedeceu a Deus e saiu sem saber aonde ia. Foi Guiado Pelo Senhor, o seu GPS! Seja Deus também o seu GPS, em Jesus!

O bondoso Mestre não larga seu amado discípulo, seu seguidor pelo caminho. Ele amorosamente o instrui a acertar na vida, segundo os propósitos do Pai. Vida com qualidade junto ao Senhor.

Um ótimo exemplo é a trajetória dos discípulos a caminho de Emaús, descrita no Evangelho de Lucas, capitulo 24. Ali estão a caminho, Jesus se une a Eles e lhes repassa as Escrituras, para anunciar sua obra em favor de nós e o desafio de servi-lo em seu Reino. Então o coração deles se aquece neste processo de aprendizado. Suas vidas são transformadas, renovadas.

4) A comunhão da alegria: nestes dois versículos finais se repete o conteúdo do v. 7, pois retomam o tema da aflição e dos cantos de louvor. Livres da aflição, os que seguem ao Senhor podem se reunir para celebrarem com muito júbilo, louvor e alegria. Ele percebe que não está sozinho nesta felicidade, mas abraçado com muitos irmãos, que também experimentam o perdão e a restauração.

O discípulo experimenta o amor de Deus quando Ele o envolve com o perdão, quando o envolve com alegres cantos de livramento, quando o envolve com sua misericórdia e o envolve com a comunhão de pessoas que louvam com cantos de alegria.

Dr Paul Tournier, o conhecido psiquiatra suíço, nos conta a história de uma vez em que estava em uma reunião com médicos cristãos, que desfrutavam de um cruzeiro. Enquanto observava as maravilhosas paisagens da costa da Noruega, um colega veio até junto dele, silenciosamente apreciando junto o espetáculo.

– Estou chocado. Quebrou ele o silêncio. Acabo de saber que um de nossos colegas, que está aqui, é divorciado e casado de novo. É verdade isso?

– Sim, respondeu Tournier.

Depois de novo silêncio, ele reagiu.

– Como você pode admitir que ele tenha lugar entre nós, médicos cristãos?

Silêncio.

– Então, quer dizer que você não acha que o divórcio é uma desobediência a Deus, um pecado?

– Acho, disse Tournier. Mas se pudéssemos ter entre nós somente homens sem pecado, não haveria ninguém aqui, nem mesmo eu. Somos todos parecidos, pois somos todos pecadores agraciados.

Ele ficou em silencio, se afastou. Um pouco mais tarde ele voltou:

– Você tem razão. Agora compreendi o que significa graça.

O grande privilégio, que temos como cristãos, é saber que somos perdoados e que o perdão nos alcança por meio de Jesus Cristo. A ordem de “ir a todo mundo” foi simplesmente para proclamar a “Boa Nova”(Mc 16.15), para convencer todos os homens e para multiplicar os sinais visíveis da graça de Deus através de feitos poderosos e de curas.

Aí vem a transformação, a restauração. Alguém já o pagou. Estamos libertos do peso. Tudo já foi consumado em Jesus Cristo.

O discípulo de Jesus é chamado para a confissão, para a transparência com o Senhor, para invocá-lo em tempos de angústia, para se deixar conduzir em seus caminhos e sua instrução, e, então, viver uma vida transbordante de júbilo, gratidão e alegria.

A Felicidade está no perdão dos pecados:

Implicações e bênçãos do discipulado!

Caminhando com a Palavra, caminhando com Jesus.

Compartilhe se tem abençoado você.

P. Oscar Elias Jans

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